Casos de violência contra idosos no Brasil têm aumentado e, mesmo assim, pouco se ouve falar sobre o assunto. De acordo com um levantamento realizado pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos em 2019, as denúncias de violência contra idosos teve um aumento de 13% em 2018.
Assim como em outros casos violentos, é muito comum que o agressor seja alguém próximo, como um familiar, cônjuge ou um cuidador. Isso faz com que o idoso sinta vergonha de falar sobre o assunto, não identifique a violência, tenha medo de represálias ou até se culpe e se ache merecedor daquela agressão. Além disso, no caso específico de violência contra idosos, a vítima pode ter alguma doença ou condição cognitiva que faça com que ela esqueça o ocorrido.
Acompanhe essa postagem da Pousada da Terceira Idade Anália Franco para saber mais sobre os diferentes tipos de violência contra idosos e seus sinais. Além disso, explicamos o que fazer para combater esse mal.
Tipos de violência contra idosos e sinais de identificação
Engana-se quem pensa que agressão física é a única forma de violência contra idosos. Ela pode ser a mais difundida e a mais fácil de identificar, mas existem agressões psicológicas, abandono, violência econômica e ageismo (ou idadismo). Por isso, montamos uma lista com outros tipos de violência e seus sinais. Assim, todos podem identificá-los e combatê-los.
Agressão física
Como dito acima, essa é a forma mais difundida de violência contra idosos. É caracterizada por beliscões, empurrões, tapas ou qualquer outra ação que machuque fisicamente o indivíduo. Muitas vezes, pode deixar marcas, visto que o corpo do idoso tende a ser mais frágil.
Sinais de agressão física:
- Lesões sem explicação, como feridas;
- Nódoas negras ou cicatrizes recentes;
- Fraturas ósseas;
- Armações de óculos partidas;
- Marcas que evidenciam o ato de ser amarrado; por exemplo, marcas de cordas nos pulsos.
Sinais de violência sexual:
- Nódoas negras nos seios ou genitais;
- Doenças venéreas ou infeções genitais inesperadas;
- Hemorragia genital ou anal sem explicação;
- Roupa interior rasgada, manchada ou com sangue.
Agressão psicológica
Este tipo de violência contra idosos é caracterizado por xingamentos, desprezo, humilhação e tudo aquilo que possa deixar traumas psicológicos. Infelizmente, esse é o tipo mais comum praticado por familiares ou cônjuges.
Sinais de violência psicológica:
- O idoso encontra-se emocionalmente perturbado;
- Isolamento;
- Medo de estar com outras pessoas;
- Depressão não habitual;
- Recusa, sem explicação, em participar das atividades diárias;
- Depreciação e/ou ameaças por parte de membros da família.
Negligência/Abandono
A negligência pode ser definida pela falta de atenção com o bem-estar e os direitos essenciais à vida humana, como saúde, alimentação, higiene e outras tarefas cotidianas. Esse é o tipo de violência contra idosos mais cometido. Especialmente, quando o idoso está em uma casa de repouso. Os familiares não os visitam ou fazem qualquer tipo de contato após a internação. Vale dizer que, quando a família negligencia o parente mais velho, ele se torna mais suscetível a sofrer esse e/ou outros tipos de violência contra idosos por parte de cuidadores e enfermeiros, caso a instituição não tenha sido bem escolhida.
Sinais de negligência ou abandono:
- Perda de peso, má nutrição, desidratação;
- Falta de condições de higiene; Encontrar-se sujo ou sem ter tomado banho;
- Roupas ou agasalhos inadequados para a estação do ano;
- Falta de condições de segurança da habitação (aquecimento, material elétrico sem proteção);
- Desaparecimento do idoso em local público.
Violência econômica/financeira
Se aproveitar da fragilidade do idoso para usufruir de seus bens materiais e econômicos também é caracterizado um tipo de violência contra idosos. Também mais comumente praticado por familiares ou cônjuges (especialmente quando este é muito mais novo que a vítima).
Formas de violência financeira/econômica:
- Forçar a assinatura de um documento sem explicar para que fim se destina;
- Forçar a celebração de um contrato ou a alteração do testamento;
- Forçar a pessoa idosa a fazer uma procuração ou ultrapassar os poderes de mandato;
- Tomar decisões sobre o património de uma pessoa sem a sua autorização;
- Levantamentos significativos da conta da pessoa idosa;
- Mudanças suspeitas de beneficiários de testamentos, seguros ou de bens;
- Forçar a pessoa idosa a fazer uma doação, nomeadamente para reserva de vaga ou entrada em equipamento.
Ageismo ou idadismo
O termo vem do inglês “ageism” e é o nome que se dá à discriminação de quem é considerado “demasiado velho para viver”. É um preconceito etário, que desqualifica o outro simplesmente pelo fato de ele ser velho.
Como combater a violência contra idosos e cuidar deles
- Tente aproximar-se deles e converse com cuidado para não ferir suscetibilidades. É importante que a pessoa idosa tenha confiança em quem se aproxima dela.
- Caso o idoso assuma que é vítima de violência doméstica, transmita uma mensagem de apoio e, acima de tudo, faça tudo o que for preciso para apoiá-lo a sair desta situação.
- Comunique a situação às autoridades policiais ou aos serviços do Ministério Público junto de um Tribunal.
- Comunique também aos serviços de Saúde e aos da Segurança Social;
- Ajude a pessoa idosa a contactar a APAV para iniciar um processo de apoio jurídico, psicológico e social.
- Seja muito discreto(a) e aja sempre com prudência.
- Não exponha a vida da pessoa à curiosidade alheia.
- Demonstre sempre a máxima serenidade e atenção.
- Respeite a liberdade do idoso e as suas decisões, reforçando a confiança na capacidade de ele gerir sua própria vida.
Qualquer pessoa, desde que tenha conhecimento de uma situação de violência ou de crime perante uma pessoa idosa, pode denunciar junto das entidades competentes.
O Disque Direitos Humanos, Disque 100, é o mais indicado para esse tipo de denúncia e atende 24h. A polícia militar, Disque 190, também atende a chamados de violência contra idosos.